No Corre #7: sobre processos criativos
e mais: conheça a rotina de Bruno Stefani, diretor de inovação global da AB InBev
Antes de começar, uma mini apresentação aos vários assinantes que chegaram nas últimas semanas: o No Corre existe para contar os bastidores de quem está na correria para fazer um projeto acontecer. Ou seja: assuntos como produtividade, criatividade e empreendedorismo aparecem bastante por aqui. Em nocorre.cc eu publico as entrevistas completas. Aqui na newsletter (que sai todo domingo) eu aviso quando tem post novo, conto o que tenho visto e compartilho um pouco do meu corre :) Se você chegou até aqui e ainda não assina, é só clicar no botão abaixo:
E por falar em criatividade…
O que você faz para ser uma pessoa mais criativa?
Talvez você tenha a resposta na ponta da língua, e talvez você nem se considere uma. A real é que, mesmo sem perceber (ou documentar), você com certeza tem pelo menos algum hábito que te ajude nessa missão – e não, ele não precisa ser um método cheio de regras e passo a passo como pregam muitos mentores por aí.
Esses tempos li o livro Daily Rituals, que nada mais é que um compilado de rotinas de grandes artistas e personalidades. O autor, Mason Currey, fez uma mega pesquisa e descobriu, entre outras coisas, que Voltaire trabalhava da cama e não costumava almoçar e que Simone de Beauvoir começava às 10h, ia até às 13h, depois tirava a tarde para encontrar amigos e só voltava a trabalhar às 17h.
Automaticamente enquanto lia fiz algumas vezes o exercício de olhar para a minha própria rotina na esperança de encontrar um padrão no qual eu pudesse me apegar como a ~ minha receita do bolo da criatividade ~ e replicá-la nos momentos pouco férteis. Mas o que constatei é que qualquer coisa que eu faça com o objetivo de ser mais criativa acaba resultando no contrário: a pressão que eu mesma me coloco para ter insights é o suficiente para me barrar e ficar olhando para o teto.
Na época em que eu trabalhava em redação, poucas eram as boas pautas que apareciam quando eu saía à procura delas. A mesma coisa acontece ainda hoje se eu separo um tempo exclusivamente para encontrar boas ideias de posts para a Além – essa, aliás, foi a pergunta que eu mais recebi quando contei neste post os bastidores da estratégia de conteúdo da Além [uma marca de viagem, para quem não sabe] em plena pandemia. E talvez eu tenha decepcionado quem esperava receber um passo-a-passo como resposta, foi mal =/
Aí aparece uma outra pulguinha atrás da orelha: será que o fato de eu não ter exatamente um processo criativo elaborado faz de mim uma…digamos assim…farsa?
🧐 Criatividade X Produtividade
Semana passada eu li o livro Keep Going, do Austin Kleon, um cara mega criativo e que virou best-seller há um tempo com outros dois livros: “Roube como um artista" e “Mostre o seu trabalho", ambos que eu já tinha lido. Apesar de curtinhos e com alguns clichês, os textos dele costumam dar um gás e fazer sentido. E foi isso que aconteceu quando li esse trecho que compartilho aqui:
"Criatividade depende de conexão, e não há conexão se tudo for separado no próprio cantinho. Ideias novas são criadas por meio de combinações interessantes, mas combinações interessantes acontecem quando as coisas estão fora do lugar [...] É sempre um erro igualar produtividade e criatividade. Não são a mesma coisa. Na verdade, frequentemente funcionam em oposição: costumamos ser mais criativos quando somos menos produtivos."
Não à toa, já que não tenho a minha ~ receita de bolo da criatividade ~ , o que normalmente faço é “enganar” o cérebro fazendo coisas que eu sei que de alguma forma me ajudarão no processo, mas sem criar expectativas.
“Tipo o que?”, você pergunta. E eu respondo sem a menor culpa: gastando algumas horas da semana navegando por conteúdos aleatórios, daqueles que talvez não me agreguem nada intelectualmente ou a curto prazo, mas que podem ser interessantes e divertidos pelo menos naquele momento – olá, memes, BBB (sdds), horas no twitter, livros água com açúcar, séries toscas, novelas dos anos 90 e etc :)
Quem me inspirou (indiretamente) a fazer isso sem culpa foi o Eduardo Tracanella, diretor de marketing do Itaú. Em uma entrevista que ouvi há uns 4 anos, ele falou algo mais ou menos assim:
“Quem trabalha com comunicação é privilegiado por TER que estar por dentro de tudo relacionado à cultura para realizar um bom trabalho. Já para um dentista, por exemplo, isso não faz muita diferença, mas o torna uma pessoa mais agradável."
E eis que, há algumas semanas, em um papo para o No Corre com o Bruno Stefani, diretor de inovação global da AB InBev, me chamou atenção especialmente como ele prioriza momentos de descoberta e aprendizado em seu dia a dia de trabalho.
Um spoiler da nossa conversa:
“Tento me expor ao máximo a todo tipo de conteúdo e aprender com eles. Hoje, acho que não é sobre ter ou não um diploma de Harvard, é sobre ter a capacidade de fazer uma boa curadoria.”
Clique no botão abaixo para ler o papo completo – está bem legal :)
Tem alguém que você gostaria de ver ~ no corre ~ ? Adoro receber sugestões de nomes! Se tiver, basta responder a esse e-mail :)
Abas que abri (e li)
O que eu vi por aí essa semana e que merece ser compartilhado:
→ Alguém aí também não vê a hora de ir a um show, cantar enlouquecidamente no meio do povo e na saída sofrer para pegar um Uber? Enquanto lá fora esse tipo de evento já dá sinais de retomada, o Spotify anunciou essa semana que vai entrar no mercado de shows virtuais. Serão apresentações gravadas e disponibilizadas somente na data e horário marcados com ingressos a 15 dólares.
→ Não foi exatamente essa semana que eu vi, mas tem a ver com o texto da newsletter de hoje. Vale a pena ver esse post com o processo criativo por trás da música Algum Ritmo, parceria das bandas Gilsons e Jovem Dionisio.
→ Estou vivendo ou apenas esperando o dia 27 (próxima quinta, yess) chegar para assistir o reencontro do elenco de Friends? A HBO divulgou o trailer e eu já vi umas 10x (e me arrepiei em todas).
→ Seriam as pessoas nascidas entre 1980 e 1985 a geração “geriatric millennials”? Foi esse o termo que a escritora Erica Dhawan usou para definir quem está no meio entre o analógico e o digital.
→ Alerta gatilho para quem não vê a hora de viajar: Nova York acaba de inaugurar mais uma atração. Trata-se da Little Island, um parque suspenso no Hudson River e perto do Whitney Museum.
E antes de finalizar…
Essa semana eu assisti na Netflix a série Halston, que conta a história cheia de altos e baixos do estilista americano Roy Halston. Eu não o conhecia até domingo passado, mas me empolguei com a trama por alguns motivos: fala sobre construção de uma marca, pressão de investidores, criatividade X produtividade, e tem como pano de fundo Nova York dos anos 70. Aliás, o escritório do Halston ficava na icônica Olympic Tower, na 5ª Avenida, com vista para a St. Patrick's Cathedral (como você pode ver na foto abaixo, em que ele está com sua inseparável amiga Liza Minnelli). Essa matéria da UOL traz alguns motivos para assistir a série.
Boa semana e até o próximo domingo :)
Luiza
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